Versos ao mundo { Reciclando poemas }

 Fotografia de Sebastião Salgado

Candura a esse mundo triste
De labores tão pouco férteis
Que rasgam o céu em preces
Ao ouro e a ambição.

O momento é vão
O cronômetro gira o moinho
E eu que faço em meu ninho,
Se meu tempo se esgotou?

Mórbido caos no mundo
Tremores,ranhuras,poço fundo
Dói o peito, fecha a janela
Na tela lágrimas e sofrimento.

Como ganhar passos na areia,
Se Deus não ouve nossas ondas?
Se os sinais fecham o cais,
E o porto se desmancha a um sopro?

O natural choca
Com sua crueza
Nus todos nós estamos
Alheios a certezas.

O vento leva nossa esperança
E as crianças brincam lá fora
Sob o olhar dos pássaros
Que voam sem destino.

A natureza que inspira poetas
Sangra e contrai seu ventre
Com as punhaladas de poluição
De nosso prazer inconsequente.

A terra canta melancólica
A Ave Maria de Schubert
O mantra Gayatri
Com a harpa dos anjos.

Somos como o vento
Costurando pensamentos
Que na rotação da terra
Às vezes se perde entre pedras.

Poderia fazer uma prece
Mas me limito, silencio
Prefiro fazer um carinho
Reciclando o meu ninho.
®IatamyraRocha








Comentários

Hey,que belo poema, e sim, somos feito o vento, nuvens poéticas envolvidas em poemas canção.
Um beijo, bom final de semana.

Carmen.
Iatamyra disse…
Obrigada Carmen,tuas palavras sempre a enfeitar meus poemas..Amo isso...Um maravilhoso fim de semana para você também..Bjs

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