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Mi maior

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"Mulher Vitruviana" tela de Harmonia Rosale Minha voz não arde mais urgências é voz firme e suave sem intercorrências diz os ramos da árvore o tempo de chuva o voo da ave e o olhar da Medusa às vezes ela treme e pigarreia é quando estou no mar vestida de sereia oceano quente sol à pino escamas transluzentes  seios finos minha voz ainda é sexy derrete geleiras festeja a colheita pagã é oratória de musgo na pedra cristã diz riachos lava vermelha espaços onde fincam estrelas é rouca silenciosa rosa estóica vela histórica das orações nas cruzadas encosta alada da montanha estranha como diz a música musa pra uns bruxa para mim minha voz é constante e não precisa de batom carmim. Iatamyra Rocha Freire

Madrugadas

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Noite alta pequeno poema à recompor o dia algum lirismo suspenso havia no brilho fosco das estrelas feito primeiro sol depois das trevas Há uma palavra acesa na língua enquanto todos dormem à espera do seu tradutor. Iatamyra Rocha Freire

A mulher

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Tela: "Mulher e lago" de Hassan Ontem era transparência de tule bailava o tempo de morrer para longe distante das folhas que ardem e iludem num bailar ardoroso no mar de hoje Era moça e acreditava na flor eterna deixava a ternura envolver os espinhos feito pedra na caverna e pássaro no ninho Sabia das miudezas das conchas o som do mar trazia areia aos cabelos antes do canto pousar dedilhando zelos A fruta madura era ao alcance das mãos ouvia a vontade antes da razão aos poucos os véus se vão frente as marcas da vida e as feridas do coração Quão leve seria rima se todo momento arrimasse e arribasse voos A sina da mulher é se quebrar feito ondas sendo mar infinito que a natureza de Deus sonda. Iatamyra Rocha ********** "Modelagem/Mulher" Henriqueta Lisboa Assim foi modelado o objeto: para subserviência. Tem olhos de ver e apenas entrevê. Não vai longe seu pensamento cortado ao meio pela ferrugem das tesouras. É um mito sem

Lumes

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A agonia de um Filósofo  Consulto o Phtah - Hotep. Leio o absoleto Rig - Veda. E, ante obras tais, me não consolo... O Inconsciente me assombra, e nele rolo Com a eólica fúria do harmatã inquieto!   Assisto agora à morte de um inseto...! Ah! Todos os fenômenos do solo Parecem realizar de pólo à pólo O ideal de Anaximandro de Mileto ! No hierático *areópago heterogêneo Das ideias, percorro como um gênio Desde a alma de Haeckel à alma cenobial!... Rasgo dos mundos o velário espesso; E em tudo, igual a Goethe, reconheço O império da substancia universal! - Augusto dos Anjos ->  Mais sobre Augusto dos Anjos       ---------- Lumes Falar do copo de leite sobre a mesa enquanto do poema a metáfora mata a sede fase difícil sede quando fases de difícil acenderia um cigarro se fumasse nessa condição avessa vício profundo ainda entranhado a meu pulmão escorro a palavra e ela vem leitosa de adorno por sobre a mesa como um copo de leite ou de lírio

Vida de pedra

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Vida de pedra Me encanta um seixo de formas arredondadas e lisas cor opaca e lisura ante a terra textura a perder de vista escorregadia a cada parecer de origem feito poesia, feito fuligem que solta da fumaça absorve contornos mais indiferentes feito asa de gente Na praia brilha a cada maré fazendo o caminho de concha sendo pedra feito fé de ostra quando a onda leva perfurar sua crosta só o sal do mar ascendendo a cada espuma na costa o verde e o azul propício enquanto ele mesmo sendo precipício a conforta   segue sua vida de pedra sendo seixo sendo ovo sendo ninho sendo pequenino voo sozinho ainda que seja terra o que a matéria afere. - Iatamyra Rocha "Lemos três ou quatro vezes na vida os livros em que há coisas essenciais." - Marcel Proust

O gênio francês Georges Perec

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Imagine fazer 300 páginas sem a letra e(et-a mais usada em francês)o Georges Perec fez no seu livro "La disparition"(desaparecimento)é um lipograma,ele fazia exercício de escrita constrangida(técnica literária)participava do grupo OuLipo que é uma corrente literária francesa formada por escritores e matemáticos que propõe a libertação da literatura,de maneira paradoxal,através de constrangimentos literários,a Oulipo é a literatura em quantidade ilimitada,o George Perec domina essa arte em potencial,nascido na Paris de 1936 ele foi romancista,poeta,argumentista,e ensaísta,judeu de origem polonesa,teve seu pai morto na frente de batalha,e sua mãe anos depois desaparecida,foi adotado,e educado em paris por sua tia,sua última obra “A vida:Modo de usar” é um quebra cabeças,cada capítulo corresponde a um aposento do prédio onde mora o personagem principal,o enredo é bem complexo matematicamente falando assim como a vida,a forma de escrever é parecida com o escritor argentino

A República

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Margens secas Neblina de poeira É deserto nessa bandeira Descrevo aqui nesse tempo Goles de papeis Do vento à mil pés Minha boca na tua boca Bebe esse brocado Rude é sua trama oca Encaixa a cada desenho Um botão ao lado Não sei se pétala de rosa aberta Perfuma cenho fechado Geografia inóspita Verso congelado Frio que desafia a órbita Em torno do hino amado Tango a vida feito gado Pasto ainda verde Ribeira de águas limpas Banha a sede de pertencer Viver é fardo pesado O mesmo peso de nascer Pautado de barro Numa ode de mãos barrocas Tigela de ágata E cutelo de louça Espaça e ata A língua  revolta Mar bravio De uma terra à vista Feita de Brasil. - Iatamyra Rocha "Ycatu* E assim vou Com a fremente mão do mar em minhas coxas Minha paixão? Uma armadilha de água, Rápida como peixes, Lenta como medusas, Muda como ostras. (*do tupi:água boa) - Olga Savary"