Colunas





Enterrem seus mortos! Diziam palavras numa coluna
seguidas de ocas paredes, e ocre calçada pintada á carvão
não queria esta tarde
não ouvia a distante poesia
abria com minhas próprias mãos o vermelho que caia
servia apenas como aquela coluna fria, inerte, silenciosa
queria de verdade entre o peito profunda rosa
mas, a muito a secura do caule; o furo dos espinhos tinham a arrancado

De que serviam as palavras sepultadas? se nos versos mais escuros não existiam nada,
além daquele poema sustentando o telhado, além de te dizer daquele amor amado
repito os mesmos gestos dos antigos poetas
não sofro aquela métrica fria, finjo apenas o que esvazia
pego ainda no ar fingindo saltar algumas partes vazias
mas, é de amor inteiro toda minha poesia

Hoje acordei algumas dores
preciso delas, assim como à me compor
sou delas e não as tenho pela metade
sou parte inteira dessa carne, que arde
agarro num abraço, este aço que corta
este maço que transporta meu sangue a lugar secreto
o mar….um mar….que segredo na língua


e por ele escorro
ouvindo de longe o sal que corrói e nivela.

  • Iatamyra Rocha


"Alguns homens dizem que uma frota de navios é a coisa mais bela. Digo que é o amor(fragmento 16)"
- Safo


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