Biossíntese
Nas minhas
mãos
O lado
preciso e gasto à esquerda
Na sintonia
alongada e fina à direita
Ao verso linhas
e vãos
Do meu amor
na imensidão
Estendo os
braços à ponte
Abaixo sinuoso
abraço de um rio
Imersa em
todo e qualquer horizonte
À vida por
um cio
Há lado
esquerdo nas asas
Embocadura
direita à frente
Cantando hino
e pausas
Em fado dormente
Enumero aqui
alguns artefatos
Atos, fatos
e hiatos natos
Carta
náutica até então
Descrita acima pelas minhas próprias mãos
- A vida se coloca na arte presente
Preenche a matéria e parte
De forma que nunca está ausente
num cinza que pulsa consciente
- Arma-se e desarma-se simplesmente
Na mesma pedra na mesma mente
Lapidando-se de forma congruente
Com ou sem rima aparente
- Antes o pôr do sol ilumina toda gente
Espalhando raios naturalmente
Até que a lua apareça indiferentemente
E estremeça seu brilho potente
- Há nos pés marés e lentes
Á vários pés experientes
Espumas e ondas correntes
Aprofundando bem rente
- Um mar traga ao peito quente
Perfeito leito percuciente
Escorre o trajeto permeavelmente
Que nem sempre sente
- Instinto do amor da gente
Pão do trigo e vinho indissoluvelmente
No tempo passado e futuro atualmente
Habita aqui no poema poente
E nos cabelos areia do vento
No tempo certo unguento
Caracóis de conchas apresento
N”algumas algas coloridas a contento
Tudo trás contentamento
Até no pálido cimento
Há canteiros arquitetos
Num canto bem atento
Voa alto dentro da escala
Obedecendo as características da nota
Abre as laudas se possível em alas
Assim o poema brota
Uma rima se faz etérea
Com a candura propicia de uma fera
Numa esfera inimaginável
De fé.
- Iatamyra Rocha
"Temos a arte para não morrer da verdade."
- Friedrich Nietzsche
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