O gênio francês Georges Perec



Imagine fazer 300 páginas sem a letra e(et-a mais usada em francês)o Georges Perec fez no seu livro "La disparition"(desaparecimento)é um lipograma,ele fazia exercício de escrita constrangida(técnica literária)participava do grupo OuLipo que é uma corrente literária francesa formada por escritores e matemáticos que propõe a libertação da literatura,de maneira paradoxal,através de constrangimentos literários,a Oulipo é a literatura em quantidade ilimitada,o George Perec domina essa arte em potencial,nascido na Paris de 1936 ele foi romancista,poeta,argumentista,e ensaísta,judeu de origem polonesa,teve seu pai morto na frente de batalha,e sua mãe anos depois desaparecida,foi adotado,e educado em paris por sua tia,sua última obra “A vida:Modo de usar” é um quebra cabeças,cada capítulo corresponde a um aposento do prédio onde mora o personagem principal,o enredo é bem complexo matematicamente falando assim como a vida,a forma de escrever é parecida com o escritor argentino Jorge Luis Borges,além de Borges e o Aleph  minha impressão pessoal sobre a escrita é que faz analogia com Castelos interiores de Santa Teresa D’Avila,apesar de muitos compreenderem sua obra como literatura fantástica,eu compreendo como quântica,é uma viagem direta e indiretamente no interior de nós mesmos,da nossa matéria humana; o Georges Perec tem sua obra de difícil tradução, e só na experiência da sua língua é que há totalidade de compreensão,três anos depois dele escrever “La disparition” ele escreve “Les Revenants”(O devolvido) só fazendo uso do E(et), dono de uma genialidade ímpar, Georges Perec era apaixonada por jogos verbais, criava palavras cruzadas para revistas em Paris, e é o autor do maior Palíndromo da língua francesa, ele morreu aos 45 anos de câncer nos brônquios, e sua obra é uma das mais importantes da literatura mundial, com legado infinito, abaixo um trecho em português  do seu livro “La disparition”:

(..)
Saltava da cama para a alfombra: mas tudo já havia sumido, afora a irritação por causa do alvo inatingido, a frustração por causa do logos, por tão pouco, inalcançado.
Aí, tão acordado quanto um indivíduo após dormir um bocado, saía da cama, andava, tomava algo, sondava a madrugada, lia, ligava o rádio. Dia ou outro, colocava uma roupa, ia para a rua, vagava, passava a madrugada num bar, ou num dancing, ou, dirigindo (muito mal), dava voltas com o carro, ao acaso, virando aqui, ali, a gosto da inspiração; rumo a Chantilly ou Aulnay-sous-Bois, a Limours ou Rancy, a Dourdan, a Orly. Numa das madrugadas, alcançou Saint-Malo, passou um tríduo por lá, mas não dormiu um só minuto

(...)




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Abaixo um poema que fiz pra ele:


Um Palíndromo

Para te ler escorro
saio vida a fora procurando
estático você espera socorro

Não é poema triste
ocasião de primavera
florescer resiste
além do verde quimera

Te vejo aqui
acolho teu poema
sorriso aberto de jardim

Abraço música na língua
para ler até fim
infinita palavra.
- Iatamyra Rocha

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"Estou a procura de um tempo eterno e efêmero."
- Georges Perec

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