A República




Margens secas
Neblina de poeira
É deserto nessa bandeira

Descrevo aqui nesse tempo
Goles de papeis
Do vento à mil pés

Minha boca na tua boca
Bebe esse brocado
Rude é sua trama oca


Encaixa a cada desenho
Um botão ao lado
Não sei se pétala de rosa aberta
Perfuma cenho fechado

Geografia inóspita
Verso congelado
Frio que desafia a órbita
Em torno do hino amado

Tango a vida feito gado
Pasto ainda verde
Ribeira de águas limpas
Banha a sede de pertencer


Viver é fardo pesado
O mesmo peso de nascer
Pautado de barro
Numa ode de mãos barrocas

Tigela de ágata
E cutelo de louça
Espaça e ata
A língua  revolta

Mar bravio
De uma terra à vista
Feita de Brasil.
- Iatamyra Rocha



"Ycatu*
E assim vou
Com a fremente mão do mar em minhas coxas
Minha paixão? Uma armadilha de água,
Rápida como peixes,
Lenta como medusas,
Muda como ostras.

(*do tupi:água boa)

- Olga Savary"


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