Ofício

Tenho olhos vazados Do tempo que já vivi Ocos vitrificados Deserto do que nasci O risco ao lado fóssil Enumera toda poesia Vivida de todo ócio Que um dia ali havia Não há mais o lírico Os suspiros até a ultima estrofe Meu verbo agora empírico Segura forte a morte Minhas mãos odes quebradas Meu sorriso enferruja quando há flor Minhas pernas pesadas Seguram meu amor Meu corpo inteiro É luta travada Línguas de outros celeiros Vozes habitadas Certeiros versos atingem o luar Múltiplas formas de lua Causaram esse cantar Na voz tão rouca e nua Este poema traz o alivio Da palavra consistente na garganta Corpórea poesia crivo Na tradução santa Martírio não é exato Santidade é estar no livre ato De destino inexato Viver é simples de fato Cai ao lado alguns ossos E o caderno do santo oficio Deus não mandou esforços Para se viver em sacrifícios. - Iatamyra Rocha "Deus, me dá cinco anos,...